quinta-feira, 21 de junho de 2012

TAXAS CONDOMINIAIS

     Taxa de condomínio do CONDOMÍNIO EDIFÍCIO RENOIR, considerado o padrão do prédio, é uma das mais altas de João Pessoa-PB.

     Segundo informou o corretor Eduardo Torres, a taxa condominial do Edifício RIO ARAUÁ, Cabo Branco, um apartamento por andar, 220m2 de área privativa, 3 vagas na garagem, é de R$ 600,00 (seiscentos reais). O mais espantoso é que o "big" apartamento da nossa amiga dona da MR TRAVEL, Manaíra, não chegue aos seiscentos reais.

      Porque a do RENOIR chegiou às alturas?




quarta-feira, 11 de maio de 2011

P O E M A

Com o poeta Oliveira de Panelas


T A R D E
Valdez

Em mim, morria a tarde e, a tardar, morria
A dor profunda que meu peito entranha.
E nesse ocaso, que o temor assanha,
Eu, vivo e morto, minha dor sentia.

Quantas tristezas a saudade amanha,
Rotundas bagas que dos olhos saltam;
Unidas, prestas, o temblar exaltam...
Gritando, tensas, nessa tarde estranha.

Mantissas cegas, teoremas d´alma,
Vão me quebrando, me roubando a calma;
Pensando em fugas, fugas assuntando.

A dor... na tarde que, a morrer, se tarda:
Promíscuas mágoas, no seu colo, guarda;
Intensas dores se me vão tardando!...


terça-feira, 10 de maio de 2011

O Ovilejo

    
     O Ovilejo é um tipo de poema muito usado pelos renascentistas. De origem espanhola, alterna versos de sete e de três sílabas, com rimas emparelhadas. Termina com uma quadra cujo último verso recolhe palavras dos três versos de três sílabas. Seu esquema rimático é:       AABBCCDCDC. Vai, abaixo, um exemplo:

BEIJO TRANSGRESSOR
Valdez

Minha boca tem desejo
Do teu beijo.
Musa... meu sonho tenaz,
E fugaz,
Flora na senda do amor
Transgressor...
Espero que dê guarida
Ao meu canto de louvor...
Quero teu beijo querida:
Beijo fugaz, transgressor!

sábado, 7 de maio de 2011

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS


     Criada a Academia Brasileira de Letras, sob a tutela austera de Machado de Assis, mudam-se os costumes, entre literatos, no Brasil. A Academia veta os comportamentos libertinos e boêmios. Para Machado a Academia devia ser, também, uma casa de boa companhia, e o critério das boas maneiras, da absoluta respeitabilidade pessoal não podia ser abstraído dos requisitos essenciais para que ali se pudesse entrar.

     A reação imediata do cearense Paula Nei (1858-1897), poeta e boêmio inveterado, por ter sido excluído do número de quarenta imortais fundadores da Academia, foi a de criar a Academia Livre de Letras, onde pespontariam alguns boêmios.

     Ficaram fora da ABL, por serem boêmios, figuras renomadas como B. Lopes (1859-1916), Emílio de Menezes (1866-1918) e Lima Barreto (1881-1922). Lima Barreto, em carta a Monteiro Lobato (1882-1948 - ver Papeando 52), explica o insucesso: Sei bem que não dou para a Academia e a reputação de minha vida urbana não se coaduna com a sua respeitabilidade. De modo próprio, até deixei de freqüentar casas de mais ou menos cerimônia - como é que podia pretender a Academia? Decerto não...

   Coisas da vida, direis. Logo Lima Barreto a quem, profeticamente, Lobato dirá: Mais tarde será nos teus livros, e alguns de Machado de Assis, mas sobretudo nos teus, que os pósteros poderão sentir o Rio atual com todas as suas mazelas... Paisagem e almas, todas, está tudo ali.

   Quem nunca desistiu de entrar para a ABL foi Emílio de Menezes, paranaense de Curitiba. Em 15 de agosto de 1914, e somente após a morte de Machado de Assis, conseguiu ser eleito para a vaga de Salvador de Mendonça (1841-1913).



   Informa Medeiros e Albuquerque (1867-1934), pernambucano de Recife, então presidente da ABL, que a eleição de Emílio de Menezes se deu por medo dos acadêmicos, pois muitos receavam as sátiras de Emílio, que faziam todo mundo rir e eram “modelos de perversidade.



REQUERIMENTO ENGROSSATIVO MAS SINCERO - HINO À DENTADA
Emílio de Menezes

“Lebrão! Tu sabes que a Confeitaria
Colombo é verdadeira sucursal
Da nossa muito douta Academia
Mas sem cheiro de empréstimo oficial.

Cerca-te sempre a grande simpatia
De todo literato honesto e leal,
E tu te vais tornando dia a dia
O Mecenas de todo esse pessoal..

Nisto mostras que és homem de talento,
Que não cuidas somente de pastéis
Nem de lucros tirar cento por cento.

Atende, pois, a um dos amigos fiéis,
Que está passando por um mau momento
E anda doido a cavar trinta mil-réis!...”

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Versos Mordazes

     Geralmente são versos picantes, desaforados. O chiste e a ironia mais das vezes como desnudantes da hipocrisia e do preconceito. Raro o poeta que não se tenha utilizado da pilhéria e do gracejo. No Papeando 77 tivemos uma amostra da espécie, no Soneto Futurista, de Carlos de Laet. Hoje apresentamos Argumento de Defesa, de Bastos Tigre (1882-1957). Por oportuno, de acrescentar que Bastos Tigre nasceu em Recife-PE. Jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista e publicitário. É dele o slogan da Bayer que correu mundo: “Se é Bayer é bom”. O Dia do Bibliotecário foi instituído em sua homenagem, vez que é considerado como o primeiro bibliotecário, por concurso (1915 - Museu Nacional), do Brasil.

ARGUMENTO DE DEFESA
Bastos Tigre

Disse alguém, por maldade ou por intriga,
Que eu de Vossa Excelência mal dissera:
Que tinha amantes, que era “fácil”, que era
Da virtude doméstica, inimiga.

Maldito seja o cérebro que gera
Infâmias tais que, em cólera, maldigo!
Se eu disse tal, que tenha por castigo
O beijo de uma sogra ou de outra fera!

Ponho a mão espalmada na consciência
E ela, senhora, impávida, protesta
Contra essa intriga da maledicência!

Indague a amigos meus: qualquer atesta
Que eu acho e sempre achei Vossa Excelência
Feia demais para não ser honesta...

   Alfim, vai um soneto meu. Nunca neguei que tenho queda pelas zanolhas, que o estrabismo é um velho recurso de sedução, discretamente utilizado por Vênus.

DOCE ZANOLHA
Valdez

Passaram tantas, frente à minha porta:
Louras, morenas, gordas, magricelas...
Lindas mulheres! Outras... não tão belas,
Mas todas fêmeas, saias, é o que importa.

Tantas Marias... Santas, pecadoras...
Ah! que saudades da Zanolha tenho!
Seu gosto doce como mel de engenho;
Feia, baixinha, formas sedutoras.

Um sol denso, fugaz, uma aquarela
Que compus na memória, sobre tela.
São lembranças. Difícil esquecê-las:

A zanolha gemendo seus abrolhos...
Um dos olhos postado nos meus olhos,
E o outro vagueando nas estrelas...


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

POEMA

DESCRIÇÃO DO QUARTO DO AUTOR
Xavier da Cunha



De escarros a parede matizada,
Sobre a mesa bastante papel velho,
Noutra parte sem aço antigo espelho
E um tinteiro que só vê tinta aguada;

Do teto imensa teia pendurada,
Duas cadeiras já sem aparelho,
Imundice que dá pelo joelho
E a pequena janela esburacada;

Quatro livros franceses emprestados
E um estreito lençol de cor mui preta,
Onde enrosco os membros descarnados;

De mordedoras pulgas tropa infeta,
Percevejos cruéis, ratos malvados:
Aqui tendes o quarto de um poeta.



Comentário de Camilo Castelo Branco sobre Xavier da Cunha (1796-?), poeta português:

     Este poeta das margens do Vouga entra no templo de Apolo pelo cano de esgoto. Vivia sujamente: não outro merecimento além da bazófia e alarde da sua sordidez. No século passado, o poeta de oficio acanalhava-se, fazendo gala de pelintra. Era condição obrigatória para granjear a irrisória alcunha de poeta exibir os cotovelos coçados da casaca, as melenas hirsutas a esvurmar caspa, os dentes lurados e os gestos idiotas da alucinação extática.